Festival Verão Azul 2025
Quanto mais olhas, mais vês
The more you look, the more you see
Curadoria: Ana Borralho & João Galante, e Daniel Matos
Produção: casaBranca.ac
“Ideas are like fish. If you want to catch little fish, you can stay in the shallow water. But if you want to catch the big fish, you’ve got to go deeper.” – David Lynch
O FESTIVAL VERÃO AZUL, um dos principais projectos de programação da casaBranca, dedica-se à promoção da criação transdisciplinar contemporânea e das artes performativas no território algarvio. Ao longo dos seus 13 anos de existência, tem-se afirmado como um evento singular na região, consolidando o seu percurso através da expansão de parcerias e formatos, com colaboradores locais, nacionais e internacionais. Desde a sua primeira edição, o Festival procura dar destaque e centralidade à periferia, não só geográfica, mas também discursiva, convidando artistas cujas produções exploram questões à margem da sociedade e da arte “mainstream”.
Em 2025, a 12ª Edição do Festival, com realização em Abril em Loulé (de 10 a 13/04), Faro (16/04) e Lagos (16 a 19/04), apresenta-se como um laboratório multifacetado onde as artes performativas, sonoras e plásticas convergem para desafiar fronteiras estéticas e conceptuais. A programação propõe reflexões sobre o corpo na sua dimensão política, social, urbana e pós-humana, abordando as hibridizações com a tecnologia e as suas implicações éticas; e também a relação entre cidade e performatividade, eco-crítica e interdependência global, reflectindo sobre como a arte pode apoiar e dar visibilidade a redes que conectam indivíduos, comunidades e ecossistemas.
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Cada artista compõe um diálogo vibrante que ecoa como um espaço de resistência e de questionamento das dinâmicas urbanas e sociais. O universo sonoro que atravessa esta edição, denso e hipnótico, conduz-nos por territórios entre a estrutura e a improvisação, unindo tradição e inovação. Simultaneamente, a reflexão sobre o virtual expande as possibilidades de expressão humana, questiona o “real”, a condição corpórea e a identidade numa era de hiperconexão e sobre-exposição tecnológica. Nesta paisagem de realidades deslizantes, evocamos a visão singular de David Lynch (1946-2025), um mestre em explorar as fissuras do quotidiano e os mistérios ocultos sob a superfície do mundo visível.
A programação desta edição destaca o corpo como arquivo vivo de histórias, explorando-o como metáfora de resistência, através de performances, concertos, dj sets, exibição de filme e actividades paralelas, convidando o público a reflectir sobre o corpo como instrumento performativo e também como agente de mudança. Os artistas desafiam a percepção do real e do digital, ressignificando o tempo, a memória e a participação do público. É neste cruzamento entre reflexão e acção, e na afirmação da força do indivíduo, do colectivo e da cidade que o Festival se apresenta: uma plataforma viva onde a arte desafia, desacomoda e ressignifica.
Com artistas de Portugal, Espanha, Grécia, Polónia, Roménia, Escócia, Brasil, Uruguai, o festival mantém a intenção de trazer projectos inovadores e experimentais ao público do Algarve, visando consolidar a sua missão fundadora de fomentar o diálogo e enraizar novas dinâmicas culturais na região. Nas artes performativas destacam-se nomes como: Candela Capitán (estreia nacional em Faro), Colette Sadler, Samir Kennedy, Letícia Sckykry, João dos Santos Martins acompanhado de Joana Sá ao piano, e as jovens artistas emergentes Despina Sanida Krezia e Bárbara Stanko. Na música, Rafael Toral, Panos Alexiadis, MMMD, Guilherme Curado e Not Binary Code, num concerto/performance multimédia, para além de Dakoi no clubbing e DJs locais. Nas Artes Visuais, destacam-se a participação de Giacomo Miceli, com um trabalho onde uma IA gera uma conversa infinita entre o filósofo Slavoj Žižek e o realizador Werner Herzog, e as instalações inéditas dos artistas Oana Hodade & Vlaicu Golcea, e João Catarino, em exposição no Armazém Regimental, em Lagos.
Destinado a jovens e adultos curiosos pela transversalidade e experimentação nas artes, o festival aposta na sensibilização e formação de públicos com diversas estratégias. Para além de diversos espectáculos inclui, sessões de cinema em parceria com o LAC (Lagos) e o Cineteatro Louletano (Loulé) apresentando o documentário “Queendom” de Agniia Galdanova. O espectáculo de Candela Capitán, pela primeira vez em Portugal, acontece numa parceria com o Teatro das Figuras (Faro) e inclui o transporte de autocarro a partir de Lagos, onde o público é convidado à escuta e à experiência de uma instalação sonora de Guilherme Curado; além disso, mantém-se, à semelhança de outros anos, a organização de conversas pós-espectáculos.
Nesta nova edição, reforçam-se as parcerias estratégicas estabelecidas no território, nomeadamente, com as Autarquias de Lagos e de Loulé, e com os seus espaços associados, garantindo que vários dos seus equipamentos recebem a programação do Festival. Mantêm-se também parcerias privilegiadas com estruturas de criação e difusão artística locais e regionais: Teatro da Figuras (Faro), LAC – Laboratório de Actividades Criativas (Lagos), Teatro Experimental de Lagos, Galeria Alfaia (Loulé), entre outras.
Em conjunto, estas propostas reafirmam o compromisso do Festival com a inovação e a qualidade artística, promovendo um diálogo profundo com as questões contemporâneas e com o território, ao expandir as actividades do Festival para além dos espaços normalmente destinados a manifestações culturais. O programa prevê ainda uma actividade satélite nas Minas de Sal-Gema em Loulé (Exposição Salaris – Ficções a partir do Sal, em parceria com os artistas Victor Gonçalves, Maura Grimaldi e Natália Loyola, e a Galeria Alfaia), uma Convenção de Tatuagens no LAC (Lagos) e actividades abertas ao público como um concerto nas Piscinas Municipais (Loulé) de autoria de David Leitão e Inês Defalc, ou a performance duracional de Gustavo Sumpta, no Antigo Armazém do Carnaval (Loulé).
Programação em Acolhimento
17 de Abril / 23h00 @ LAC
NOT BINARY CODE (Lisboa)
Performance Audio-visual / M/12
Preço: 3€ (Grátis para espectadores do concerto de Filipe Sambado)
O Not Binary Code é um coletivo formado por Earth to Abigail, quendera, Ndr0n e violeta, Fundado em 2022, tem a intenção de desenvolver e manter espaços seguros para as comunidades Algorave, Live Coding e AudioVisual Technology de Lisboa. Queerness, na sua definição mais pura, é aquilo por que se aspiram – adoram música estranha, código escrito de forma pouco cuidada, corpos rejeitados e identidades invisíveis. Os seus interesses residem na manifestação da arte através da tecnologia e na exploração das fronteiras e sinergias entre o ser humano e a máquina.
18 de Abril / 15h00 – 18h00 @ LAC
CONVENÇÃO DE TATUAGENS
M/6
Entrada gratuita
Preço das tatuagens definido pelos artistas
A partir de um open call que seleciona até cinco artistas-tatuadores, o LAC recebe uma convenção de tatuagens acompanhada por performances. Esta é uma experiência multidisciplinar que cruza arte corporal, visual e performativa num ambiente de criação e partilha artística.
TWO COLORS. SINGLE-SELECTION
de Barbara Stańko-Jurczyńska, Performance / M/12
Entrada gratuita
A performance começa com um olhar sobre o corpo, observando as suas diferenças, limites, separação e vergonha. Trata-se de uma percepção do corpo preso à doença, sempre entendido através do seu prisma. Manchas “Vinho do Porto” são malformações capilares, marcas de nascença na pele em tons de vermelho. Durante o espetáculo, tornar-se-ão matéria e ferramenta para explorar o que é individualidade e intimidade.
GUILHERME CURADO (Portugal)
Concerto
Entrada gratuita
Guilherme Curado trabalha entre meios, cruzando vídeo e som, construindo paisagens utópicas virtuais. A imaterialidade, a fluidez, as reflexões, em diálogo com o corpo e a identidade, servem de ponto de partida para a reflexão sobre a experiência contemporânea. Na sua prática sonora, concentra-se na criação de ambientes oníricos, utilizando-os como ferramentas para escape da realidade.
CORPO-ESPINHO (Brasil) – Estreia
de León Franz, Performance (live streaming)
Entrada gratuita
Armadura? Fragilidade? Tudo ao mesmo tempo? Em “corpo-espinho”, o corpo nu do performer recebe defesas em resposta aos ataques por ser simplesmente quem é. A pele é coberta por parafusos, criando uma criatura que mescla magia e medo. A ação é acompanhada por um áudio que combina uma batida constante com assobios e piropos, evocando a presença insistente do olhar alheio.
INFINITE CONVERSATION (Itália)
de Giacomo Miceli, Instalação / M/6
Entrada gratuita
“Conversa Infinita”, de Giacomo Miceli, é uma instalação que gera um diálogo interminável entre o realizador Werner Herzog e o filósofo Slavoj Žižek através de inteligência artificial, alertando para a facilidade com que vozes reais podem ser sintetizadas. Mais do que um problema técnico, A Conversa Infinita propõe uma reflexão humana e ética sobre a necessidade de educar as novas gerações para este novo paradigma. Micelli, otimista em relação à IA, vê neste projeto um exercício lúdico e filosófico que nos ajuda a imaginar o que figuras icónicas poderiam dizer se tivéssemos acesso ilimitado às suas mentes.
18 de Abril / 22h00 @ LAC
MMMD (Grécia)
Concerto / M/14
Preço: 5€
Com uma trajetória de 15 anos, MMMΔ (anteriormente Mohammad) têm vindo a moldar um som distintamente monolítico e profundo, explorando frequências baixas puras e instrumentos modificados. Movendo-se entre a experimentação e a música pop, o coletivo grego desenvolveu uma estética única, marcada por ritmos lentos, percussões esparsas e vocais que oscilam entre rugidos terrenos e harmonias etéreas.
DAKOI (Portugal)
Clubbing
Entrada gratuita
Dakoi explora os sons da música electrónica, desconstruída com kuduro, dembow, hard drums e gqom, com cortes de vozes cruas e elementos high pitched. É DJ e produtora desde 2018, e dá agora atenção ao seu projeto LÍBIDA, que cria um mundo visual paralelo para acompanhar a personagem e as suas vivências, criado por Filipa Combo. Este projeto pretende mostrar a importância da autoconfiança, autoestima e uma representação sexual queer positiva. Dakoi lançou o seu EP de estreia, Mastiga, em 2023, onde explora conceitos como libertação e auto-conhecimento através da música de dança e do hard drum.
19 de Abril / 22h00 @ LAC
AGRESSIVE GIRLS (Portugal)
Concerto / M/14
Preço: 5€
O power duo que tem incendiado venues de norte a sul, Agressive Girls, é o pacto de sangue entre beats sujos e barulhentos e a voz crua e sentimental. Gritam sobre as frustrações com o mundo e com quem as enfrenta, o namoro entre a vida e a morte que as deixa esfomeadas de viver. Focam as suas emoções vividas a 200% no presente, sem barreiras, sem medos e sem espaço para meio termo.
JC MUSIC (Portugal)
Clubbing
Entrada gratuita
Angolano de nascença e criado em Lagos, desde muito cedo que a música faz parte da sua vida. O seu gosto é bastante ecléctico, abrangendo uma variedade de sonoridades para (quase) todos os gostos. O seu objectivo é a satisfação dos ouvintes, quase como um ambient decorator em versão sonora, fazendo pontes entre os vários estilos musicais.