Exposição ROOTS
Exposição ROOTS de 18 de Novembro a 27 de Janeiro de 2018 na Galeria Lar e Armazém Regimental de Lagos, de 5ª a sábado das 15h às 20h, entrada livre.
Artistas em Exposição: Kwame Sousa (São Tomé e Príncipe), Mikko Angesleva (Finlândia) & Valdemar Doria (São Tomé e Príncipe)
Esta exposição surge no âmbito da Residência ROOTS, um projeto que pretende abordar o tema da escravatura através de uma visão contemporânea, criando novas rotas e fluxos transculturais, através da reflexão da diversidade cultural dos países outrora colonizadores e colonizados e as suas influências na criação de uma miscigenação global e plural, questionando e identificando as raízes desse processo.
O LAC decidiu desenraizar o projeto ROOTS, convidando artistas das artes plásticas, música, dança/performance para em residência artística, desenvolverem um trabalho que tenha como ponto de partida a realidade esclavagista, sendo estes livres para desenvolverem o seu trabalho, individual ou colectivamente.
O ROOTS conta já com 3 apresentações: 2011 Lagos, 2013 Maputo e 2014 S.Tomé e Príncipe.
Em 2017 o projecto regressa a Lagos para, a partir do lugar inicial do projecto, reforçar o seu pendor internacional e preparar-se para atingir outros continentes e outras realidades culturais, equacionando, a partir de novas e diferentes perspectivas, as dimensões, quer históricas, quer contemporâneas, do fenómeno da escravatura, suas causas e/ou consequências políticas, sociais, económicas e culturais.
Nascida a partir da descoberta de 158 corpos de escravos no Vale da Gafaria, em Lagos, o projecto ROOTS propõe-se representar e debater o fenómeno da escravatura tradicional e também contemporânea, suas práticas, rotas, trajectos e formas.
Pensada como uma Residência Artística destinada a realizar-se em diferentes países, propõe-se também compreender os impactos passados, presentes e futuros desta realidade em diversos contextos nacionais e regionais.
Após as edições efectuadas em Lagos, Maputo e São Tomé Príncipe, o ROOTS regressa a Lagos para, com um formato renovado que a par das artes pásticas incluí também artes performativas, retomar novo fôlego e continuar a sua aventura internacional.
Kwame Sousa nasceu na roça Agostinho Neto em São Tomé e Príncipe em Abril de 1980. Descobriu o gosto pela arte, no final do ensino pré-universitário, sob a influência de colegas, e começou a desenhar como autodidata. Em 2001 foi um dos vencedores do projecto experimentação 01, que marcou a sua apresentação ao público na galeria Teia de Arte. Em 2002 frequentou na mesma galeria, vários workshops com artistas de diversas parte do mundo, que lhe permitiram a ligação e troca de experiências com diferentes linguagens artísticas. No mesmo ano integrou, juntamente com o artista João Carlos Silva e outros, o grande projecto da II Bienal de Arte de São Tomé e Príncipe. Ainda em 2002 expôs no Instituto Politécnico do Porto (Portugal), tendo-se seguido várias exposições individuais e colectivas em São Tomé e em vários outros países. Começou em 2004 o seu percurso académico em Portugal, tendo passado pela EPAOE – Escola de Artes e Ofícios do Espectáculo (CHAPITO) e em seguida pela AR.CO – Escola de Arte Independente, onde estudou pintura e desenho. Recentemente, em 2014, participou na Bienal de Arquitectura de Veneza e no Festival de Cinema de Lisboa, com o vídeo MiongaHouse – um projecto em con-junto com o artista plástico Rene Tavares. Neste momento colabora com o projecto CACAU – Casa das Artes Criação Ambiente e Utopia em São Tomé e Príncipe, com a galeria ZERO POINT ART (galeria e espaço de arte contemporânea) em Mindelo, Cabo Verde, com a fundação ROÇA MUNDO, em São Tomé e com o portal BUALA – portal de cultura contemporânea. Com exposições realizadas em diversas galerias espalhadas pelo mundo e participação em várias edições da Bienal de São Tome e Príncipe, Kwame Sousa pertence a terceira geração de artista do seu pais e atualmente considerado um dos artistas plásticos contemporâneo mais influentes de São Tome e Príncipe.
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Rastros / Traces
“Rastros é um conjunto de obras cuja base visual assenta nos padrões, mais em concreto do parque de estacionamento onde permanecem os corpos de 158 escravos encontrados em 2009-10. Os padrões parecem ser semelhantes às cicatrizes feitas na pele, por acidente vascular cerebral com um chicote, uma maneira comum de punir um escravo. Este conjunto tenta lembrar os traços da história e da presença humana materializados em espaços vivos no nosso dia-a- dia.” Mikko Ängeslevä, 2017
Mikko Ängeslevä nascido a 1982 na Finlândia, trabalha com várias técnicas na área da creatividade. Pintor e escultor, trabalhou também durante vários anos com performance. Nos últimos anos o seu trabalho baseia-se na reciclagem de materiais, combinada com diversas técnicas, onde tanto resultados figurativos e não figurativos são apresentados. Os trabalhos procuram revelar a questão complexa da vida por trás do véu de cores e formas. Ängeslevä concluí em 2001 os estudos secundários em em arte, em Tammerkosken lukio. Estudou costura durante 2003 – 2006. Foi uma malabarista de fogo no grupo Flamma de 2004 a 2008. Torornou-se instrutor de yoga em 2011 depois de ter praticar durante 10 anos. Em 2012 continuou os estudos em belas artes e formou-se em 2016 na escola de arte Kankaanpää como escultor e pintor. Para além da Finlândia tem exposto e realizado também outras actividades artísticas na Suécia, França, Estónia, Latvia, Ghana e Índia. Atualmente vive e trabalha em Kokemäki, na Finlândia, na antiga escola da aldeia.
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“Este tema não é do mais fácil de ser trabalhado. A escravatura!!!
Ligamos a Tv e temos leilões de escravos em pleno Século XXI!
O passado de volta ao presente. A riqueza de alguns com o sofrimento de muitos a ostentação de alguns com o sangue de muitos, o desenvolvimento de alguns com a opressão assassinato, violação e demais coisas que privam o oprimido de ser uma pessoa livre!
Ficamos a olhar, sem ferramentas para ajudar impedir o acontecimento! Crianças, mulheres homens, forçadas ao sexo, trabalho escravo e impedidos de serem livres.
Os compadres de sempre lucram com as desgraças!
As minhas peças falam disso. Falam do sofrimento, do abuso e da impotência das vítimas!” Valdemar Doria, 2017
Valdemar Doria nasceu em São Tomé e Príncipe no ano de 1974. Em 1981 passa a viver em Portugal. Em 1998 finaliza o Curso de Pré-Impressão, pela Escola Profissional Val do Rio em Oeiras, Portugal. Em 2001 /2003 frequenta o Curso de Design Gráfico, na Universidade Lusófona. Conta com mais de 20 anos ilustrados com cerca de 30 exposições colectivas
e 15 individuais. No seu trabalho pretende valorizar a herança africana. Os rostos, representados com insistência, na tentativa de identificar ou exprimir o sentimento compulsivo do seu comportamento na busca sistemática da sua identidade não resolvida por um urbanismo vivido com diversos factores de afirmação social. Que factores são esses? A condição incondicional de ser negro numa metrópole europeia, a injustiça social e a falta de oportunidade de lutar em condições de igualdade de direitos. Os rostos expressivos representados nos seus desenhos questionam e manifestam o quotidiano duma vida da urbanidade europeia em simbiose com as memória de um passado do seu território de origem.
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M-PeX é um músico, compositor e produtor que tem na guitarra portuguesa o traço distintivo da sua identidade musical, posicionando-a enquanto instrumento solista em estéticas sonoras diversificadas, incluindo ambientes electrónicos igualmente da sua autoria. O experimentalismo e a improvisação extensível, com recurso a pedaleiras de efeitos e de loops, fazem igualmente parte da sua expressão artística. As suas criações ensaiam modernizar e globalizar a guitarra portuguesa, culminando numa inovadora confluência musical.
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El Conguito nascido no Congo e foi criado em França, começou com aulas de Salsa e aos 21 anos descobriu o Flamengo. Teve as suas primeiras aulas em «La Peña los Flamencos» em Lille, França, e depois com Maria Pérez no Centro Solea em Marselha. Participou ainda em workshops com artistas de renome como, La Lupi, Pilar Ortega, Patricia Guerrero, El Choro. Em 2015 ganhou o concurso de Flamengo de Valence (França) um dueto com Justine Chabot e o segundo prémio na competição Baile por Buleria em Nîmes (França). A sua dança combina fogo, energia, mas também sensibilidade e generosidade. Todos os que o viram dançar concordam quem ele tem um senso de compasso inato, uma presença cénica e graciosidade que não deixa ninguém indiferente.