DESCENTRA-
LIZAR
Inicialmente instaladas no epicentro do país – Terreiro do Paço – sobe o mote DESCENTRALIZAR, as bandeiras deste conjunto de artistas viaja agora 302km para sul para uma nova reinstalação e descentralização.
Criando um percurso que comunica visualmente com a cidade de Lagos através de uma série de bandeiras que nos relembra alguns dos artistas que passaram pelas residências artisticas LAC e muitos outros que poderão um dia vir a passar.
Esta instalação de bandeiras surge de uma inquietação de não manter objetos artístico parados na “gaveta”, devolvendo-os ao seu habitat natural, ao local para o qual foram criados – a rua.
Esta instalação é uma readaptação da instalação criada pelo/para o Festival Iminente 2023 na Marina de Lagos.
CÁSSIO MARKOWSKI
O trabalho de Cássio Markowski transita entre o desenho e a pintura, aventurando-se também no vídeo e instalação como expansão de sua prática. Sua produção artística envolve um processo de reflexão sobre diferentes aspectos sócio-culturais da história afro-brasileira. Esse universo visual, que é simultaneamente auto-biográfico e ficcional, político e poético, funde sua memórias pessoais com experiências e traumas coletivos. Com uma estética particular Cássio compõe imagens que exploram aspectos relacionados a memória da diáspora africana nas Américas, a fantasia e a infância criando um universo onde a natureza surge como metáfora para reinvenção e cura. Em 2023, foi o vencedor do Sovereign Portuguese Art Prize e recentemente passou a fazer parte da colecção David C. Driskell Center for the Study of the Visual Arts and Culture of African Americans and the African Diaspora.
Sinopse: A bandeira realizada para o Festival Iminente de 2023 tem como cores principais O azul que simboliza o mar e a travessia dos escravizados africanos pelo atlântico até as Américas. O vermelho representa o sangue africano derramado durante os séculos de escravidão. O branco simboliza um mundo idealizado e o desejo desses homens e mulheres pela paz e a liberdade assim como as nuvens e as espadas de Santa Bárbara representam a força e a garra da orixá Iansã que na Umbanda rege as tempestades e os trovões.
JOÃO FORTUNA
A arte de João Fortuna reflete a atualidade contemporânea. Tecnologia, revolução e solidão e são temas dominantes. As suas peças são construídas em camadas onde uma imensidão de imagens criam histórias tridimensionais que desafiam nossos olhos. Licenciado em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, procurou formação complementar nas áreas de Marcenaria, Embutidos e Tallha (Fundação Ricardo Espírito Santo), Desenho (Sociedade Nacional de Belas Artes), Conservação e Restauro, Pintura e Gravura. Mas foi na colagem, considerada uma das expressões mais pobres no universo das artes plásticas, que encontrou a sua forma de comunicação. Através de uma renovação técnica e temática criou uma linguagem estética própria, onde imagens e encenações maximalistas se vão construindo arquitetonicamente entre os diferentes layers de madeira, numa espécie de universo multidimensional.
HALFSTUDIO
Mariana Branco (n. 1986) e Emanuel Barreira (n. 1986) são os artistas por detrás do Halfstudio, um coletivo sediado em Portugal que desenvolve projetos em diversas áreas criativas sempre tendo como elemento central o lettering e o sign painting. A sua linguagem visual é caracterizada por letras tridimensionais e layouts dinâmicos, refletindo mensagens marcantes e cores vibrantes. Desenvolvendo peças de estúdio, bem como de arte pública, a sua abordagem incorpora temas e ideias da contemporaneidade e uma preocupação cuidadosa com as comunidades onde as suas obras se inserem. A dupla tem apresentado o seu trabalho em exposições e festivais de arte urbana em Portugal e internacionalmente.
Sinopse: A palavra “eles” é geralmente utilizada, de forma preconceituosa e depreciativa, para nos referirmos aos imigrantes, às pessoas de diferentes etnias da nossa e habitantes de bairros mais desfavorecidos. Exemplos disso são: “Eles não querem trabalhar”, “Eles vieram roubar os nossos trabalhos” ou “Eles não se querem integrar”.
O “eles” surge como uma forma de “os” separarmos do “nós”, quando na realidade: Eles somos nós, ou pelo menos assim deveria ser.
Somos todos pessoas e todos devemos ter os mesmos direitos.
INÊS GARCIAS
Inês Garcias (Lisboa, 1998). Frequentou a Escola Artística António Arroio, onde se especializou em Realização Plástica do Espetáculo em 2016, e finalizou a licenciatura em Artes Plásticas, na ESAD.CR. no ano de 2021.
O seu trabalho circula em torno do desenho, da pintura, da cerâmica e da instalação, tendo especial gosto pela exploração multidisciplinar. Usa a narração como mote da sua prática artística, ambicionando colocar o seu trabalho no patamar de Contador de Histórias, onde utiliza a metáfora e, maioritariamente a fábula, para transfigurar a realidade que habita em ambientes que remetem para o imaginário infantil.
Começou a expor os seus projetos de forma mais recorrente no ano de 2020, quando participou no Gato Vermelho, Ciclo de mostra performativa, organizados pela Electricidade Estética, nas Caldas da Rainha, evento no qual participou em três distintas edições. Desde então participou em diversas exposições coletivas, entre elas Ocupar o corpo, ocupar o museu, Museu José Malhoa, Caldas da Rainha (2021), Dancer-Danger, Museu Leopoldo de Almeida, Centro de Artes, Caldas da Rainha (2021), The Limbo Plage, Campo Pequeno Art Gallery, Lisboa (2021), Korper, Centro de Artes, Caldas da Rainha (2021), Atlas of Ideal Landscapes., Campo Pequeno Art Gallery, Lisboa (2022), Dois Elevado ao Cubo, Ciclo de Exposições Pop-Up, Praça/Pousio, Lisboa (2022), 0038 – If Only, Mono, Lisboa (2022), Quimera, Absurda Art Fest, Arcos de Valdevez (2024).
Foi convidada, em 2022 e 2023 para trabalhar como artista visual no Festival Iminente, onde realizou trabalhos de instalação coletivos em ambas as edições, e em Agosto de 2023 realizou a sua primeira Exposição Individual, Passarinho Depenadinho, na NAV- Nunca Antes Visto, Campo Pequeno.
Título: A casa que habitava as costas, habita agora a imaginação
Sinopse: Sequência ilustrativa de satirização à crise habitacional e inflação vividas atualmente em Portugal, onde a tartaruga e a sua carapaça nos guiam por um percurso secular abreviado, das várias fases de evolução da casa humana, da origem dos tempos (carapaça-natureza) até aos dias de hoje (sem carapaça-sem forma de manter uma casa).
NUNO VIEGAS
Nuno Viegas, também conhecido como Metisone, é um artista português nascido em Faro (1985) e criado em Quarteira. Fundador do coletivo de arte Policromia Crew, iniciou sua jornada artística através do graffiti em 1999.
Após concluir os seus estudos em Artes Visuais na Universidade do Algarve mudou-se para Roterdão, Países Baixos, (2014) onde descobriu uma nova identidade artística e começou a desenvolver as suas pinturas fortemente influenciadas pelo movimento graffiti. Este tem sido o foco produção do artista e sua maior fonte de inspiração. Nuno apresenta-nos um contraste entre a realidade visualmente agressiva e por vezes suja do graffiti tradicional e a sua representação pacífica e limpa nas suas obras. A abordagem deste tema é uma homenagem contínua a todos aqueles que dedicam parte das suas vidas a este movimento. Graffiti Writers que mantêm o graffiti real e vivo numa época em que a definição de graffiti tende a ficar distorcida e misturada com a Street Art. Em 2016 Nuno trabalhou com a Street Art Today em Amesterdão que lançou o artista no panorama da Street Art, rapidamente chamando a atenção do Urban Nation Berlin – Museu de Arte Urbana Contemporânea.
Ao longo dos anos seguintes o artista trabalhou com Yasha Young Projects, Graffiti Prints e Thinkspace Gallery e agora podemos ver seu trabalho expandindo-se por murais e instituições artísticas por todo o mundo sempre com o objetivo de melhorar e avançar em direção ao seu sonho – Assinar a lua.
No final de 2019, Nuno regressa à sua cidade natal Quarteira, em Portugal, onde se encontra sedeado neste momento. Em 2021 Nuno Viegas começa a desenvolver projetos com a Underdogs Gallery, a principal galeria portuguesa dedicada á Arte Urbana Contemporânea, a qual se tornou sua representante em território nacional.
PEDRO PODRE
Pedro Podre, b.1988, vive e trabalha no Porto e licenciou-se em Artes Visuais na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. É um pintor e muralista conhecido pelas suas personagens ilustradas e alegóricas que exploram questões de identidade e da contemporaneidade.
Sinopse: Bandeira feita no contexto do Iminente de 2023 sobre o mote da descentralização. É importante que existam vários órgãos descentralizados para compreender melhor as necessidades individuais de cada região. Com essa ideia em mente, criei uma imagem onde a ideia é cultivada num ponto central, mas naturalmente se espalha e cresce noutros lugares onde se estabelecerá e preencherá as necessidades do lugar onde se situou.
TAMARA ALVES
Tamara Alves (n. 1983) é uma artista visual portuguesa que vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Artes Plásticas (ESAD-IPL), mestre em Práticas Artísticas Contemporâneas (FBAUP), a artista sempre se interessou por um tipo de arte que é “inserida” no mundo, tendo o espaço público como o contexto onde prefere apresentar o seu trabalho.
Tamara Alves tem vindo a tecer uma narrativa que celebra, de forma crua e poética, a vitalidade das sensações fortes, de um devir animal, da paixão bruta, por oposição à deliberação racional. Com base na ideia de que os nossos instintos são aquilo que nos define, a artista invoca um universo de figuras humanas e animais em interação com a paisagem natural e objetos imbuídos de forte carga simbólica que nos convidam a abraçar os sentimentos como uma força motriz, bravia e indomada. Um universo onde o amor, sempre o amor (que é ferida, dor, lágrimas, mas não menos prazer, regozijo, êxtase), pode ser fruto de um impacto, de um acidente, crescendo dentro de nós como uma flor silvestre.
Além das inúmeras produções que tem assinado no campo da arte pública, em contextos autónomos ou em eventos como o Festival Walk&Talk (São Miguel, 2012), Primavera Sound (Barcelona, 2019), Festival Sete Sóis Sete Luas (Réunion, 2021; Frontignan, 2022), Nuart Aberdeen (Aberdeen, 2023) ou o Artscape Festival (Vänersborg, 2023), a artista tem vindo também a expor em várias mostras individuais e coletivas em espaços como a Ó! Galeria (Porto, 2010-2017), Artroom Gallery (Lisboa, 2017), Galeria Underdogs (Lisboa, 2020- -2024), Galeria Artur Bual (Amadora, 2021), Casa da Cerca (Almada, 2022), Laurent Marthaler Contemporary (Montreux, 2023), MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa, 2023), p’Arte Galeria (Porto, 2023),Cordoaria Nacional (Lisboa, 2023) ou Fabien Castanier Gallery (Miami, 2024), entre muitos outros.
Título: I Will Mean Something To You
Sinopse: A parede em ruínas que se funde com um rosto, cria uma imagem que sugere a fragilidade e a impermanência. O título sugere uma busca por significado e uma conexão, apesar do desgaste do tempo e da memória. Através deste retrato espero criar uma experiência visual e emocional que seja inquientante, destacando a beleza que emerge da decadência, encontrada na imperfeição, e na passagem do tempo.
TIAGO HESP
Tiago Hesp (1981), é um artista português com uma carreira artística multidisciplinar que toma expressões desde a arte muralista, passando pela música, ilustração, cenografia e pintura. Formado em Cenografia pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa (antigo Conservatório de Lisboa), Tiago Hesp tem vindo a explorar múltiplas técnicas e abordagens à sua arte, tendo ganho bastante visibilidade pelo seu trabalho em graffiti, que desenvolve desde 1998.
Tiago Hesp pinta para tentar resolver-se enquanto ser humano no mundo, numa permanente tentativa de encontrar o equilíbrio de ter um sítio que é apenas seu. Partindo sempre do escuro – refletido no traço negro permanente, na agressividade da sua aplicação – os seus trabalhos são uma tentativa de resolver e equilibrar as várias forças que o atingem, numa batalha em que o eu e o eu se encontram e se disputam, procurando amenizar-se num qualquer meio termo entre o negro e o alvo.
Título: Stormctopus
Sinopse:
a margem é ebulição, é tudo o que não há feito em vida nova
de longe corre quem não está perto, e a barriga aperta, os bocejos são gritos, a sombra tem forma e a luz faz-se gigante; nem gordo nem elegante, só fome, lugar zangado como a cegueira, lenha ardida sem fogueira e a vontade toda do mundo.
o centro é gula, estômago cego faminto do que já há, é miopia, é sempre de dia, já temos tudo. O centro mastiga, come de novo, recebe em bom, devolve pouco para quem de longe veio para dar.
a minha bandeira é pirata, é bandeira suja de pano teso, polvo virado do avesso, parede de estômago deixada ao ar, que a carne agora é de nós todos.
a minha bandeira é pirata, erguida alto, tomada de assalto para ter uma voz, é bucho gordo mordido no ferro, fogueira acesa.
de fora veio, marcou lugar.
RAQUEL BELLI
Raquel Belli é mãe, fotógrafa e artista visual. Portuguesa de raízes italianas, reside e trabalha nos últimos dez anos entre Portugal e Timor-Leste. Formada em Artes Plásticas na ESAD.CR, concluiu o Curso Técnico de Fotografia na ETIC, onde desenvolveu e aprofundou a fotografia de cena. Com exposições coletivas e individuais no decorrer dos seus estudos, foi após estagiar e trabalhar com a revista Volta ao Mundo que a fotografia documental e de viagens ganhou importância. Em Timor colaborou na criação da WAP (WomenArtPower), para a capacitação feminina através do apoio à arte feita por mulheres. Em 2014 publica em colaboração com José Ramos-Horta e Xanana Gusmão “Aqui Onde O Sol, Logo Em Nascendo, Vê Primeiro”, sobre o peculiar Natal em Timor. Colabora e expõe regularmente com as galerias Underdogs e This Is Not A White Cube (TINAWC).
RITA RAVASCO
Rita Ravasco, natural de Mourão, 1989. Artista visual trabalha em ilustração, pintura, vídeo, stopmotion, desenho, murais e escultura. Além de riscadores, usa no seu trabalho objetos encontrados, ou adquiridos em mercados de segunda mão. O seu processo criativo funciona como uma fábrica onde existem vários funcionários, cada um deles com uma expressão visual diferente. As suas peças são criadas por diferentes “eus”, como se identificássemos vários operadores de fábrica, mesmo que todos sejam diferentes, existe uma ligação/linha camuflada entre si que denunciam ser criados na mesma fábrica.
O seu percurso soma várias exposições colectivas e individuais, colaboração com ilustração para revistas e jornais, como a revista Sábado, participação em várias edições do Festival Loures Arte Pública, Festival Iminente, Festival Boom, entre outros desafios.
THECAVER
TheCaver é um artista português, nascido em Lisboa em 1983 e a viver no Porto. Canhoto, foi viciado em desenho desde muito novo, até descobrir o Graffiti em 1997/98 que o empurrou realmente para as ruas.
Com uma pequena carreira de 10 anos em design gráfico, as suas letras rapidamente se transformaram em grandes e bem concebidos murais. Inspirado por subculturas como o punk rock, skateboard graphics, tatuagens e graffiti, os seus conceitos de pintura vão desde o desenho de personagens a grandes e complexas composições enigmáticas.
O artista também cria no seu atelier, sobretudo nas ruas e em todo o tipo de escalas e superfícies. Pinturas, esculturas e projectos comerciais são o que pode ser visto regularmente.
VANESSA BARRAGÃO
Vanessa Barragão (n. 1992; Faro, Portugal) é uma artista talentosa cuja paixão pelo ambiente a conduziu a uma jornada notável no mundo da arte têxtil. Descobriu o seu amor por têxteis e artesanato desde jovem, estabelecendo as bases para uma carreira artística única que integra harmoniosamente arte com sustentabilidade. Após completar a sua formação em Design de Moda na ULisboa, Barragão tomou conhecimento da indústria da moda, altamente poluente e desperdiçadora. Na tentativa de se afastar desse mundo, procurou oportunidades em fábricas têxteis, onde encontrou uma posição numa fábrica de tapetes artesanais. Foi neste momento que percebeu a quantidade de resíduos e desperdicio gerado pela produção em massas. Tendo aprendido desde cedo métodos tradicionais de tecelagem pelas mãos das suas avós, Barragão começou a experimentar com os resíduos – principalmente lã e outras fibras sintéticas – e eventualmente chegou às instalações têxteis pelas quais é conhecida, impulsionando-a a embarcar num caminho pioneiro de criatividade ecologicamente consciente.
Reconhecida pelo seu talento excepcional, Barragão colaborou com organizações ambientais de renome, combinando a sua arte com mensagens poderosas sobre as mudanças climáticas e a importância da conservação. As suas instalações deixaram um impacto indelével, provocando reflexão e inspirando ação entre os espectadores. À medida que a sua reputação cresce, Vanessa vê frequentemente o seu trabalho destacado em publicações de arte prestigiadas e revistas, ganhando reconhecimento generalizado pela sua contribuição para o mundo da arte sustentável. Barragão mantém-se dedicada à sua visão de arte como meio para mudanças positivas. Com os seus projetos futuros, ela aspira alcançar novos patamares, espalhando a sua mensagem de consciência ambiental para um público mais amplo e deixando um legado duradouro como uma artista ecologicamente consciente que redefine os limites da arte têxtil.